A teoria desenvolvida por Isolina Ricci sobre o processo do divórcio fornece uma análise detalhada sobre a evolução das dinâmicas familiares ao longo de seis estádios distintos, desde a estabilidade inicial até a adaptação final após o divórcio. Esses estágios oferecem uma perspectiva abrangente sobre as mudanças psicológicas e emocionais pelas quais os membros da família passam durante e após o divórcio.
- Lar de Sonho: Esta fase inicial é marcada por uma visão idealizada da vida familiar. Durante este período, a família experimenta uma harmonia aparente e uma estabilidade emocional, com problemas existentes frequentemente subestimados ou completamente ignorados pelos membros da família. A realidade do lar é percebida através de uma lente de perfeição e contentamento.
- Problemas no Lar: A segunda fase surge quando as tensões e descontentamentos previamente ocultos começam a emergir claramente. O lar perfeito começa a desmoronar à medida que as dificuldades no relacionamento se tornam cada vez mais aparentes e difíceis de ignorar. Essa é uma etapa crítica onde os primeiros sinais de problemas reais começam a afetar a dinâmica familiar.
- O Lar que se Divide: Este estágio é caracterizado por um aumento significativo nos conflitos, resultando em um distanciamento emocional e, muitas vezes, físico entre os parceiros. A possibilidade de separação começa a ser seriamente considerada, à medida que as diferenças se tornam insustentáveis. Esse é um período de crescente alienação e reconsideração das bases do relacionamento familiar.
- O Lar Dividido: Com o divórcio efetivado, essa fase lida com as implicações práticas e legais da separação. Questões como a guarda dos filhos, a divisão de bens e outros aspectos legais são resolvidos. É um momento de grandes ajustes e reestruturação da vida dos membros da família, onde todos precisam de se adaptar à nova realidade de estar oficialmente separados.
- A Casa da Mãe e a Casa do Pai (A): Após o divórcio, a família enfrenta o desafio de se adaptar à vida em dois lares separados. Este estágio envolve ajustes significativos tanto para as crianças quanto para os pais, à medida que todos se acostumam com novas rotinas e dinâmicas de vida. É um período de transição e aprendizagem, onde cada membro da família começa a explorar a independência dentro dessa nova configuração.
- A Casa da Mãe e a Casa do Pai (B): Esta fase final representa a estabilização após o período inicial de adaptação. As novas estruturas e rotinas familiares tornam-se mais solidificadas, permitindo que todos os membros da família funcionem de maneira mais saudável e adaptativa. Relacionamentos e interações dentro da família reconfigurada começam a estabilizar, proporcionando um novo senso de normalidade e funcionalidade.
Cada um desses estádios descritos por Isolina Ricci (2004) ilustra a complexidade do processo de divórcio e a transformação gradual das relações familiares, desde a desintegração até a reconfiguração e adaptação final. Isolina Ricci enfatiza a importância de gerir cada uma dessas fases com sensibilidade e apoio para promover o bem-estar de todos os envolvidos, especialmente das crianças.